terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bandas do século passado... DREADFULL

No início do ano, quando voltava do show do Reffer aqui no Rio, minha cabeça só pensava em duas coisas: quant@ garot@ nov@ que conhecia a banda, que nasceu quando eles ainda mamavam! E quanta banda bacana existiu nos 90's e 80's que, pela ausência da ferramenta tecnológica de hoje, ficou meio que perdida na poeira.

Por isso, de tempos em tempos vou postar aqui nesta coluna singela algumas considerações sobre bandas que EU, onanística e egoicamente, achava FODA e que, infelizmente, já acabaram.

E pra começar, os meus preferidos ever: os mineiros do DREADFULL.

Em uma época que o tal HC melódico dava as cartas, impulsionado pela popularidade crescente de NOFX, Bad Religion e Green Day (isso mais ou menos 94,95) o que surgiu de banda cantando em inglês cheia de "oooooooh" e "aaaaaaaaah" não tá no gibi! E, na boa, separar o joio do trigo era tarefa árdua.

Mas eis que um dia, um CD chamado "Woonder Foll People " chegou as minhas mãos. E era claro que tinha alguma coisa diferente ali. A começar pela voz limpa e mega boa do Leo Baiano. Arranjos de guitarra mais sofisticados. Letras incríveis, com um inglês que não se limitavam a rimar "sky" com "my" ou "want you" com "blue". Da primeira faixa - "resign" - passando por clássicos instantâneos como "Listen", "Last fun" e tell out", o cd era uma perola. Melódico sim, hardcore sim, mas com algo a mais. Maluco, era impossível não ouvir 3 veze seguidas e sair cantando o refrão de "resign" pela rua... Logo em seguinda, em 97, durante uma viagem pra BH comprei a coletânea "Flying Music 4 Flying people" e lá tinham mais 6 pérolas melódicas dos caras. Viciei.

Então, em 1999, o Dreadfull dá a cartada final e tira da manga "Day off": uma guinada violenta no som, um disco que de início GERAL estranhou. O que era aquilo? Indie? Post hardcore? Hot Water Music? Jets to Brazil? Cara, musicas mais desaceleradas, vocais sussurados que explodiam em gritos no refrão, temáticas mais introspectivas. E, ponto: o Dreadfull fez o álbum da década! De "Somersault" até "Private" está tudo que você precisa ouvir pra entender o que foi o hardcore do inicio do século. Mas os mineiros estavam adiantados alguns anos.

O dreadfull encerrou as atividades no inicio dos anos 2000, fez um ou outro show isolado (com Arnaldo, do We Say No, Saddest day e outros no vocal) e deixou sua marca na "cena" under brazuca. Se eu tivesse que escolher UM disco dos 90's, seria o "Day Off". E isso por sí só já garante aos caras um lugar no coração deste escriba!




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Some Bad Religion Songs can make my life complete



Confesso que relutei. O que eu ia dizer sobre o show do Bad Religion no Rio que já não tivesse sido dito? Ou, pior: como falar do show da banda em atividade que eu mais amo, da banda que sei cantar sílaba por sílaba de cada letra, da banda que, desde que meu brother Fred me apresentou, lá pelos idos de 1989, sempre foi minha companhia de vida?

Na boa, sei lá. Só sei que o que não suportei meu próprio silêncio diante do que rolou Sábado! Então, lá vai!

Pra começo de conversa: quando falo de Bad Religion eu tenho 12 anos ok? Então nem precisa dizer que passei o Sábado igual criança que sabe que vai ao parque de diversões no dia seguinte: ansioso, andando pra lá e pra cá pela casa, quase queimei o strogonoff do almoço, patroa quase deu na minha cara. Por isso tudo, cheguei no bar ao lado da Fundição Progresso - o querido e famigerado Arco Íris - as 6 da tarde. É mané, 6 da tarde o babaca aqui já tava lá bebendo a primeira cerva sob o pretexto de ver o jogo do Mengão Fuderosão!

Os amigos vão chegando e o clima vai ficando cada vez mais naquela vibe "festinha da galera". Na boa, acho que NUNCA fui a um show em que conhecesse tanta gente! Nossa mesa no bar fica enorme e o bate papo, associado com as dezenas de cervejas, vai "amansando" a ansiedade.

Tipo 10 da noite, entramos na Fundição Progresso. Se você não é do Rio, o lance é o seguinte: A Fundição é um galpão gigante, sacou? Tipo, é um quarteirão inteiro com fachada de Casarão mas, no interior, é um conjunto de galpões. O espaço onde rolam os shows, dizem, cabe 6 mil pessoas. Bem, brother, então no Sábado tinha quase isso, tava cheio À VERA!

o Fistt, de SP, faz um show de abertura curto. Confesso que não vi. Foi mal aí Fabiano e cia. Mas a cerveja e o papo com os amigos falaram mais alto. E ainda teve uma passada na banquinha de Merch pra ver se rolava uma camisa da Tour (lindaça, com o simbolo na frente e as datas da tour sul-americana atrás), mas 80 PRATAS por uma camisa, nem a do Mengão com autógrafo de Deus Zico. Foi mal aí Graffin.

Fico com uns casais de amigos a esquerda do palco. E quase a meia noite, apagam as luzes e, mermão, daí em diante foi pica na criança! A fraca "Resist stance" abre o show, mas é em seguida, com "Social suicide", emendada com a "crássica" "21 century digital boy" que o Bad Religion dá o ar da graça! E nessa musica eu já havia me esquecido da minha idade avançada, das dores no corpo e me meti lá no gargarejo como se fora um garoto. E tome "LA is Burning" e a ótima "Wrong way kids" em sequencia. Fico bem em frente ao Brian Baker (ícone ever!) sacando a facilidade com que ele sola e manda riffs sempre perfeitos! FODA!

O show segue com pequenas sequências de 3 ou 4 musicas emendadas. O primeiro momento "tá, chorei, confesso" é durante as épicas "I want to conquer the world" emendada com "Recipe for hate". E mais a frente a garganta dá outro nó com "Do what you want", "YOU" e "Modern Man". Maluco, TENSO! E daí, vem aquela intro à capela de "Generator" (que, confesso, acho BREGA, FEIO, clichê - a intro, não a música), e a quantidade de marmanjo de preto chorando é incontável.

Greg Graffin conversa, fala da primeira vez que esteve aqui, ha 15 anos e parece bem a vontade. A banda toda está claramente feliz por este ultimo show da tour e o público responde com aqueles "sing-alongs" e "oooohhs" e "aaaaahhs" em quase todas as musicas. E com "Fuck Armaggedon" a banda encerra o show.

Todos saem do palco, fazem aquele famoso cú doce até que o Brooks (batera) volta sozinho pro palco. Ele manda um solinho de batera rápido e a banda entra com "American Jesus". E aí cara, o que era só pogo e porradaria vira um CAOS! Tenho certeza que as dores no ombro esquerdo que me perseguem até hoje são desse momento do show. Na sequência "infected" dá uma reduzida no ritmo para o grand finale com a linda - e previsível - "Sorrow", geral cantando junto, banda feliz, final de show.

Peraí? Ultimo show da tour e eles não vão voltar pra mais um "biszinho"? Nem mais uma musiquinha? NÃO, a banda se despede, as luzes acendem e fica por aí.

Saindo da Fundição encontro meus amigos balzacos, pais de família, profissionais liberais e homens de meia idade suados, com hematomas, camisas abertas ou sem camisa e todos com aquela cara de "GOZEI". E eu me despeço de todos, compro um latão e saio pelas ruas chuvosas da Lapa cantando, ALTO, a letra de "YOU".

Em um mundo de "bandas importantes de UM disco" e efemérides semanais, de hypes instantâneos e roupas espalhafatosas, poucas bandas ainda tem algo a dizer. E mais, poucas, pouquíssimas bandas, ainda SIGNIFICAM algo para muitas pessoas - pelo que dizem, pela musica que fazem, pelos shows que oferecem. O Bad Religion é uma destas bandas. Talvez por isso tanta gente que já "saiu do circuito" rock a tanto tempo tenha deixado suas vidas, esposas e maridos, filhos e compromissos pra trás. Não para um evento nostálgico com cheiro de naftalina, mas para um reencontro com suas próprias histórias de vida, com suas convicções e escolhas, com aqueles que, com certeza, fizeram e ainda fazem a trilha sonora de nossas vidas.

E é por isso que, mestre Greg Graffin, preciso discordar do refrão de "No Direction", porque, pra mim, "some Bad Religion songs can make my life complete".

FODA!

pic by Deise Santos