Sábado a noite tive a rara achance de estar em 2 shows com climas completamente diferentes, com publicos completamente distintos e com sensações diferentes mas com algumas aproximações entre si. E isso me ajudou a refletir um pouco sobre musica, som, vida. Os shows foram de Richie Ramone e do MEN.
As 9:00 da noite cheguei na melhor casa do Rio hoje, a Rock'n'Drinks, para ver um dos últimos caras que tem a honra de usar o sobrenome "Ramone", Richie, batera que gravou 3 albuns e permaneceu 5 anos na banda. Ele tocaria nesta noite na casa de Copacabana com o irmão de Joey Ramone, Mikey e uma banda de apoio, "Comando".
Casa entupida de tanta gente, metade balzaquianos que tiveram nos RAMONES sua fonte de libertação na vida, metade jovens que nunca haviam visto um dos felizardos membros do grupos vivos e ao vivo. E essa diversidade que deu a tônica do show.
Entre balzacos sentimentais e jovens eufóricos, Richie e Mickey desfilaram clássicos da, talvez, última grande banda do rock mundial (ok, Nirvana para mim não entra nessa definição, certo?). E tome "rockway beach", "sheena is a punk rocker" e outros classicos, em meio à musicas da fase de Richie, como a linda "somebody put something in my Drink" e a supreendente "Outsider". Nas 4 primeiras musicas Richie canta e depois assume a bateria enquanto Mikey toma conta dos vocais. O público literalmente enlouquece com todos os sons, mesmo os mau executados, com um claro desencontro entre a banda e os dois ramônicos (é bem provável que não tenham tido, de fato, tempo para ensaiar juntos antes do show). Mickey canta algumas musicas do album "don't worry about me" do Joey Ramone. E ao final fica claro que uma banda com a importância e pregnância dos RAMONES deixam sempre uma lacuna, uma carência entre os fãs. E momentos como estes transcendem, são uma grande celebração da historia do rock, uma celebração dos 3 acordes - mesmo apresentando um ou outro probleminha do ponto de vista puramente musical - mas, who cares??
Feliz da vida, saio voando da Rock'n'Drinks para o Circo Voador, onde rolaria o mini-festival Popload Gig 3, com shows das norte americanas Girls, do combo MEN e dos capixabas do Zémaria. Saio de uma celebração dos anos 70 e do rock passado e entro em um encontro do rock de hoje e amanhã.
O GIRLS abre os trabalhos em um circo voador beeeeem vazio. O som é indie, mas com um dado importante, que os diferencia das dezenas de bandas do gênero: É chato. Pra caralho. Se fosse em um palco menor, com menos pessoas, talvez sua mistura de My Bloody Valentine requentado com Teenage Fanclub de quinta tivesse até segurado a atenção. Mas no Circo foi, apenas, cansativo.
Entretanto, em seguida, um power trio da nova geração botaria o Circo Voador abaixo!! O MEN é um grupo que representa bem o que é a boa música de hoje: Alta, anárquica, sem regras e sem fronteiras - sem seguir nenhum modelo pré concebido. Um(a) Dj com sintetizador e duas guitarras colocaram o circo inteiro para dançar ao som do melhor eletro punk que existe, algo inimaginável para os fãs de Ramones ha 20 anos atrás: musica eletrônica energética e com alma, com vida!! Para muitos, essa mistura de dance "não é rock", "é musica de pista de dança" e outros clichês. Mas quando nos despimos dos preconceitos, o que sobra é apenas uma puta banda tocando musica para agitar, pra dançar sim, mas com mais atitude e energia que 99% das bandinhas poppy-punk de hoje!
Formada por remanescentes da clássica LE TIGRE, o MEN é um trio de rock tocando dance que faz até mortos sairem das tumbdas para dancarem suas musicas agitadas e cheias de texturas de guitarras pra lá de criativas! o Show é curto, mas vai crescendo com a vocalista JD (que parece um nerd de bermudas largas) dominando a cena acompanhada pela guitarra Ginger (uma Bjork Dyke) e pelo discreto guitarrista Michael.
ao final do show, o circo inteiro se torna uma grande pista de dança, com todo mundo agitando como se não houvesse amanhã.
Mas há. E o amanhã atende pela alcunha de MEN! Um showzaço! Que mostra que enquanto houverem jovens criativos e com espírito livre, o rock seguirá vivo - mudando, com novas caras e roupagens, mas vivo! e alto!
Link: http://www.myspace.com/men
Cara, depois daquele show porcaria do Marky Ramone com aquela molecada no Circo, junto com os Queers, a minha opinião passou a ser: o sonho acabou.
ResponderExcluirVer (simplesmente ver) o Richie de perto deve ser emocionante, mas, sei lá, eu não conseguiria curtir o show. É uma banda cover.
Abraço!
é aquele lance, eu fui pra ver de fato uma banda cover...achei legal ve-lo e ter escutado musicas que nunca ouvi ao vivo (tipo "I know better now" e "I'm not Jesus")
ResponderExcluirabraço