domingo, 26 de setembro de 2010

Os discos da semana (alguns, do mês, alguns do ano)

Finais de semana são sempre bons momentos para fazermos um review da semana. E esta não foi uma semana qualquer. Nela pude ouvir com calma os novos trabalhos de 4 das bandas prediletas deste blog. Cada um a sua maneira me trouxe emoções diferentes.



Bad Religion - "The dissent of man"
Ouvir um disco novo do BR é como voltar de férias a uma cidade em que você já esteve e amou. Ou seja, você já sabe o que vai ver (ouvir), já conhece bem, mas sempre espera alguma novidade. Sejam elas boas, ruins ou apenas...novidades.

Neste caso, a novidade é que em "The dissent of man" o Bad Religion dá uma clara desacelerada na pegada. Apesar da maravilhosa "The Day That the Earth Stalled" começar à mil seguida de "only rain" - dois típicos hardcores acelerados e melódicos que fizeram da banda os ícones do gênero - daí em diante Greg Graffin e asseclas pisam no freio e apresentam belas e molodiosas canções mais pendentes para o punk-country que o hardcore. E isso em nada diminui o album, apenas nos apresenta uma faceta mais "roqueira" da banda. As letras de Graffin seguem sendo o ponto alto do Bad Religion, como nas maravilhosas "Where the fun is" e "Wrong way kids". No final das contas, é Bad Religion, é sempre bom - mesmo que de um jeito diferente.



Weezer - "Hurley"
O Weezer é o tipo de banda que poderia perfeitamente se enquadrar na descrição do primeiro parágrafo do Bad Religion, ou seja: ouvir um disco novo deles é meio que descobrir o que já se espera. Neste caso, a diferença é que "Hurley" é um disco muito melhor que os irregulares "red album" e "Ratitude", trabalhos anteriores de Rivers Cuomos e cia. A banda apostou em fazer um álbum bem homogêneo, na velha receita "power pop", com musicas assobiáveis em meio a guitarras ditorcidas, que fizeram o sucesso do =W= mundo afora. Entretanto, na terceira ou quarta audição, você se dá conta que é homogêneo demais. Todas as canções são legaizinhas, bonitinhas, mas falta alguma que te pegue pelos ouvidos, falta alguma que tenha um "quê" a mais, falta um hit. E "Hurley" é isso, um disco legal, com boas canções, mas nenhuma que te faça arregalar os olhos e dar repeat no mp3. E pensando bem, desde o "Green album" que o Weezer vem fazendo isso. Para os fãs, uma sensação que o Weezer ao menos está dando sinais de recuperação. Mas ainda muito longe da criatividade dos tempos de "Pinkerton".



Arcade Fire - "The Suburbs"
Infelizmente eu não estava no antológico show do Arcade Fire no Tim Festival de 2005. Este é um ressentimento constante que tenho ao ouvir os canadenses, desde os tempos do maravilhoso álbum "Funeral" de 2004. A sutileza e força do Arcade Fire ganham cada vez mais adeptos mundo afora, como pude comprovar em Paris, onde os caras estampavam outdoors por todas as estações de metrô da cidade, com matérias de revistas sobre o novo album da banda. E "The suburbs" não deixou nada, absolutamente nada a dever.

O Arcade Fire passou com ressalvas pelo famoso "teste do segundo album" (com o mediano "neon bible" de 2007), mas chegou a sua terceira gravação apresentando ao mundo um dos melhores discos do ano. "The Suburbs", ao contrário de "Hurley" do Weezer (citado acima) é um conjunto de pérolas, de músicas cuidadosamente trabalhadas em cada detalhe, em cada textura. A cada audição, você descobre um novo arranjo, um novo verso e consequentemente o disco se reinventa a cada vez que você escuta. Da primorosa faixa título passando pela perfeita "Ready to start" e "hall light", o Arcade Fire apresenta um dos discos mais agridoces do ano, suave e pesado ao mesmo tempo. A quantidade de informação de cada música e a simplicidade com que são construídas fazem de "The suburbs" desde já um dos mais fortes concorrentes a disco do ano. Entretanto, a concorrência é forte...



Superchunk - "Majesty Shredding"
Em um mundo de hypes duvidosos e "bandas-da-década-da-semana", poucos conseguem atravessar anos e décadas sem perder um pingo da integridade e qualidade musicais. O Superchunk, favoritísimo da casa é uma destas raras exceções. Formada no inicio dos 90's, o quarteto vêm brindando os fãs anos a fio com canções maravilhosas e álbuns perfeitos. Quem os viu pelo Brasil em suas duas tournées (1998 e 2000) sabe bem do que eu falo. E depois de um hiato de 6 anos sem nenhum lançamento, eis que nossos heróis retornam com o espetacular "Majesty Shredding", desde já o disco do ano para indie.punk.pop

O Superchunk consegue como ninguem absorver a pegada e o punch do punk e associa-lo a riffs melodiosos de guitarra. Consegue como ninguem conectar melodia e peso, lirismo e simplicidade fazendo cada música soar única, mesmo que você a escute pela milesima vez. Neste novo álbum eles ressurgem dispostos a mostrar ao mundo que no meio indie (ou guitar, como eram chamados nos 90's), eles dão as cartas. O cartão de visitas que abre o disco é a linda "Digging For Something", que além de ter um refrão que gruda por semanas na cabeça, ainda tem o clip mais legal dos ultimos anos (que você pode assitir aqui). Em seguida, "My Gap Feels Weird" e "Rosemarie" fecham a primeira parte do dsico com mais melodia que peso. A já conhecida, do ano passado, "Crossed Wires" (de um dos 2 Ep's lançados pela banda em 2009) dá sequência ao desfile de hits que chega ao ápice com a também conhecida e candidata a hit da década "Learned To Surf".

"Majesty Shredding" é daqueles discos completos, que voce não pula nenhuma faixa. E encerra com uma das mais belas canções melancólicas da banda, a linda "Everything At Once", deixando um gosto de quero mais que faz com que o disco fique no "repeat" do mp3 a semana toda. O Superchunk supreendeu mais uma vez com a simplicidade, beleza e peso que só as grandes bandas conseguem ter. Nota 10!

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