segunda-feira, 30 de julho de 2012

passei a semana ouvindo... ETERNAL SUMMERS



Este blog sai da hibernação penas por motivos muito fortes. E esta banda é um motivo bastante forte (GRACIAS Alexander Sal!!). Há cerca de um mês estou tendo um forte, consistente e arrebatador caso de amor com este trio americano que atende pelo nome de Eternal Summers. Nossos encontros tem sido diários e cada vez mais apaixonados, em meu MP3 player. 

Nicole, Daniel e Jhonny, respectivamente guitarra e voz, bateria e baixo, fazem um indie rock com nuances de new wave e pós punk. Nada demais. Nada novo. Mas com uma sinceridade, qualidade e criatividade que são de arrebatar! 

Seu segundo album (o primeiro, chamado "Silver", é de 2010), chamado "Correct Behavior", é uma pérola do rock deste século. Um conjunto de canções ensolaradas, com vocais suaves, guitarras distorcidas e refrões pegajosos. Rock. Daqueles discos que quando acabam você imediatamente coloca no repeat. Algumas vezes.  

O clip de "Wonder" teve uma repercussão boa e é uma excelente forma de você entrar em contato com o trio. Assista, delicie-se e perceba que, olhando em volta com calma, ainda tem MUITA, mas muita coisa boa sendo feita por jovens empunhando guitarras ao redor do mundo. No rock, o verão é eterno!



sábado, 10 de março de 2012

Come, Armageddon! Come! Morrissey na Fundição Progresso (ou "carta para um velho amigo")

Foto: Portal Terra
É Moz, faz bastante tempo né? Desde aquele ano de 86, em que você cantava “Big mouth strikes again” direto no dial da Fluminense FM e eu ficava te ouvindo, no radio, depois da escola. O tempo passou, nós dois envelhecemos, mas fico feliz que no decorrer de tantos anos ainda tenhamos uma relação tão próxima, tão bacana.
Por isso fiquei feliz em podermos no ver ontem. Tá, eu te vi, mas você sabia que eu tava ali né? Porra, começar seu show com “First of the gang to die”, minha preferida do “you are the Quarry” foi, tipo, papo reto né? Você deve ter visto um coroa que pulava feito pipoca lá no meio. Era eu. E você bem lembra do quanto eu cantei com você o refrão de “You Have Killed me”, segunda musica do teu show, durante anos e anos quando batiam aquelas fossas e dores de cotovelo juvenis: "As I live and breathe, You have killed me". A juventude sempre é sofrida né cara? E fiquei pensando no quanto, durante a “famosa” crise dos 30, cantei baixinho, pra mim mesmo, a frase da musica seguinte, Alma Matters: “So the life have made may seem wrong to you”. É rapaz, a gente sempre teve uma sintonia fudida né. Como se você escrevesse depois de um papo nosso em uma mesa de bar.
Porra Moz, e que banda essa que você arrumou agora hein brother? O Boz Borrer vestido de mulher, arrebentando em sua Fender Telecaster, que foda! E o tecladista/ trompetista? Enfim, você sempre bem acompanhado né? Só achei caído ter que ficar vendo os caras de sunga o show todo...me poupe da próxima, meu amigo!
Assim como você NÃO PRECISAVA ter feito aquilo né cara...tocar “Everyday is like Sunday”, a musica que você compôs para me fazer companhia naqueles tardios e melancólicos anos 90, em que a vida parecia tão indefinida...golpe baixo brother. Ainda bem que “you’re the one for me fatty” veio na na seqüência, pra disfarçar as lagrimas e me lembrar de uma namoradinha da faculdade. Ops, próxima musica, please.
Brother, eu gosto de carne. Eu como o bichinho (no bom sentido, de fora pra dentro). Passar aquele vídeo de animais sendo mortos nos abatedouros enquanto você cantava “meat is murder”, em uma versão bem mais lenta e diferente da original, me deixou bolado cara. E mais ainda meus amigos, me vendo cantar a letra toda e pensando: “Como o Bolinho é faaalso”.
Assim como fiquei bolado com você “entregar” assim de bandeja pra todo mundo “Let me Kiss you”, a musica que você compôs pra um cara tímido que tirava marra de punk pra não mostrar o quanto era frágil. Porra Moz, era minha musica cara, que explanação!! E neguinho em volta olhando estranho enquanto eu b-e-r-r-a-v-a “But then you open your eyes, And you see someone that you physically despise. But my heart is open for you”.
E aí você veio com aquela…cara, nem sei o que te falar. Só nos dois sabemos o quanto “there’s a light that never goes out” foi companhia para minha vida. É cara, eu te falei, tocou no meu casamento e tudo. E aí foi dureza e você imagina né irmão...dois litros e meio de lagrimas e um filme da vida passando na memória enquanto cantava aquele refrão desgraçado de bonito que você escreveu láá pelos idos de 87. E agradeci por você emendar com “I'm Throwing My Arms Around Paris”, que eu ficava cantarolando com Fabiana durante os dias em que caminhamos pela cidade luz, e que me ajudou a disfarçar os olhos vermelhos que chamavam a atenção do pessoal em volta.
Caralho Moz, e a dobradinha final que você arrumou hein? “Please, Please, Please Let Me Get What I Want”, como todo mundo cantando alto que “pelo menos uma vez na minha vida me deixe ter o que eu quero”, emendada com “How soon is now?” foi matadora hein brother? Aquela gente toda pulando e dançando como se o mundo fosse acabar ali e eu cantando e observando o quanto essa musica ainda é potente cara. Porque no final é isso, tudo se resume a isso né brother? “I am human and I need to be loved just like everybody else does”. É, pode ser. DEVE ser.
E valeu por ter voltado pra tocar um bis Moz. Foi legal da sua parte. Até porque “One Day Goodbye Will Be Farewell” é a melhor musica do seu ultimo disco e deixa claro que tu ainda é um puta compositor, seu inglês desgraçado! E continua com a ironia afiada né? “But one day goodbye will be farewell, and you will never see the one you love again”.
Bem brother, eu espero que até lá eu ainda possa te ver de novo. E valeu pela companhia e força todos estes anos.
Steven Patrick Morrissey, Fundição Progresso, 09 de Março de 2012. Show da minha vida. Ponto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tente mudar o amanhã


Certa vez disse, aqui, que musica, pra mim, sempre foi companhia. Algo que está comigo nos bons e maus momentos, algo que me faz relaxar, refletir, extravasar. Algo que está comigo, sempre. E poucas companhias foram tão presentes na minha vida quanto as canções de um trio paulistano chamado Cólera.

Corriam os tardios anos 80 e eu e meu brother Fred éramos (e somos) viciados em Plebe Rude. E um certo dia, em um show no finado Canecão, 2 dos 4 integrantes da banda entram no palco, para o lançamento do album "Nunca fomos tão brasileiros" com camisas da mesma banda: Cólera.

Logo o Fred conseguiu um vinil daquela banda e levou pro colégio. Capa tosca. Som embolado e mal gravado. E letras de pirar qualquer moleque de 14 anos que cresceu em meio a final de Ditadura e início de algo que chamavam de "Nova" República. O disco se chamava "Tente mudar o amanhã". Pronto. A merda tava feita e minha mãe se descabelando.

Éramos tipicos moleques de classe media da zona sul do Rio, cheios de amigos playboys do nosso colegio particular. E naquele momento, em que começávamos a ouvir Ramones e Dead Kennedys, o Cólera falava, em nossa lingua, o que queriamos dizer. E tome de começar a ir de calça rasgada e camisa de banda pintada à mão pro colegio. E tome de começar a entender "que porra é essa de punk". E tome de ouvir "Verde não devaste" e começar a entender o que era meio ambiente, militarismo, etc.

Daquele ano em diante, minha formação intelectual começava a seguir em paralelo com as canções do Cólera. Meus conceitos sobre nacionalismo, autoridade, direitos humanos, meio ambiente, intergeracionalidade, tudo foi sendo forjado e repensado à luz das letras do Redson. Minha entrada pra faculdade de Psicologia em 92 foi indiretamente motivada por letras do Cólera.

Em uma certa noite de 1990 consegui, pela primeira vez, assistir a um show dos caras, no Circo Voador. E até a última vez em que os assisti ao vivo, no mesmo circo voador, mais de 20 anos depois, TODOS os shows do Cólera foram como o primeiro pra mim: camisa suada, garganta rouca, olhos fechados cantando cada silaba de cada musica como se fosse a historia da minha vida. E olha, eu vi pra lá de duas dezenas de shows do Cólera na vida.

E com esses shows a admiração e respeito só aumentaram. O prazer de ver no palco caras fazendo com um tesão e doação únicos aquilo que amavam me fez respeitar ainda mais a sua musica. Em minha dissertação de Mestrado há uma citação de "Em você", do supra citado disco "Tente Mudar o Amanhã". Em meu casamento tocou Cólera. E nunca me dei conta de quantas e quantas vezes a musica de Pierre, Val, Fabio e Redson me fez companhia - entre viagens de ônibus, noites bebendo sozinho ou em terras estrangeiras - como na Colômbia, onde um guri veio falar comigo quando me viu com uma camisa da banda em Bogotá.

O Cólera acabou. O motivo é óbvio. E a vida é assim - como diz mestre Greg Graffin, "everything must cease". Mas a música, essa manifestação única, tem essa qualidade: ela permanece. Ela fica. Os discos deles estão aí e sempre estarão. Entretanto, fato é que nunca mais veremos um show do Cólera.

E isso bateu na minha cabeça com mais força essa semana, quando se aproxima mais um tributo ao Redson, desta vez com a participação dos membros remanescentes - Pierre e Val. E a musica do Cólera fará com que, por uma noite, toda aquela sensação - a camisa suada, a garganta rouca - retornem. Com uma diferença: agora eu estarei no palco, ao lado deles. Tocando com eles. E acho que nunca quis tão pouco não ter que estar em um palco como desta vez.

Tocar ao lado de Pierre e Val, pra mim, com esta trajetória, é uma honra comparável a de um intelectual dividir uma mesa redonda com Milton Santos e Deleuze. Ou um escritor participar de um debate com Eduardo Galeano e Jorge Luis Borges. Mas quando olhar para eles, no palco, e começar a tocar os primeiros acordes, só vou lembrar que está faltando alguém ali.

Valeu aí Redson. Mesmo. Vou nessa, trabalhar, no calor do Rio, hoje velho, casado, com aquela vidinha que aos 18 anos você imagina super quadrada e burguesa. Mas vou ouvindo "Caos Mental Geral" no MP3 player. Como sempre fiz.

E ainda sigo, a meu modo, tentando mudar o amanhã, pela paz em todo mundo, por toda a humanidade, por todas as vidas em geral.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Top 5 shows do ano!


E lá se vai mais um ano. E com a correria da vida, foi complicado manter isso aqui atualizado. Mesmo assim, não temos do que reclamar: 2011 teve pencas de shows lindos! E mantendo a tradição, indie.punk.pop cumpre a difícil tarefa de eleger seu Top 5 de shows do ano. Lá vai, sem ordem de preferência!


- Teenage Fanclub (Maio - Circo Voador)
Norman Blake, Gerard Love, Raymond McGinley e Francis MacDonald nos brindaram com um dos shows mais catárticos, sensiveis e emocionantes dos ultimos anos, recheados de pérolas do indie! E tudo isso em Circo Voador lotado e com toda sua atmosfera "comunitária", abraçado a vários amigos! Inesquecível!



- SUPERCHUNK (Mogi das Cruzes - SP - Maio)
"A" banda indie perfeita em um show ao ar livre, de graça, em uma linda noite fria e estrelada, com som fuderoso e um set list impecável. Se tivesse que escolher apenas UM show de 2011...



- Bad Religion (Fundição Progresso - Outubro)
Minha banda preferida sempre terá espaço entre os melhores. E esse show, cercado de boatos sobre o fim da banda, com a maior quantidade de amigos que já vi reunidos em um show, foi simplesmente sensacional. Poucas bandas no mundo ainda tem algo a dizer. O Bad Religion é uma delas.



- The Pains of Being Pure at Heart (Circo Voador - Setembro)
Em um show longo e energético, os 5 jovens do Brooklyn mostraram porque são uma das bandas mais comentadas no cenario indie dos ultimos anos. Musicas perfeitas em uma performace arrebatadora.



- Reel Big Fish (Circo Voador - Novembro) - E com alguns anos de atraso, finalmente o Reel Big Fish aportou no Rio, promovendo com seu Ska debochado e alegre um dos shows mais divertidos que este escriba já viu!

Vale a menção de que ainda vimos Anti Nowhere League, Peter Hook, The Toasters, Misfits, DRI, Vibrators, Mad Sin...
E você, quais foram os seus shows prediletos neste ano? E que em 2012 venham Morrissey, Bob Mould, Portishead, Allo Darlin...quem sabe?

ABRAÇOS! Até 2012!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

The Toasters (Teatro Odisseia - 27/11/2011)

O Toasters meio que "estourou" no Brasil naquela época em que o Ska - ou melhor, o famoso "Ska-core" - ficou em alta por estas bandas. Papo de 96, pós lançamento do "and out come the wolves" do Rancid, que fez a molecada se ligar, com "time bomb", no ritmo jamaicano.

Dali em diante, milhares de bandas apareceram...e sumiram. Poucas ficaram no cenário, afirmando sua originalidade e criatividade. O Toasters, pioneiros que foram, muito antes, disso tudo, foi uma delas.

Por isso mesmo que ontem, ao sair de casa por volta das 9 da noite, pós ressaca da magra vitoria do MENGÃO, minha expectativa era grande. E igualmente grande foi minha decepção ao chegar na porta do Teatro Odisseia, onde a banda iria se apresentar. Apenas 2 amigos na porta - eu disse DOIS. Sem fila. Nenhuma agitação nos bares próximos. "CADÊ TODO MUNDO QUE GOSTA DE SKA, CARALHO!!!", foi o que pensei.

Entramos no Odisseia e haviam cerca de 30 pessoas na casa. Bolei. Total. Caralho, uma banda do porte do TOASTERS, uma das mais importantes do cenário ska mundial, vem à cidade e a galera simplesmente não aparece.

Mas minha bolação some quando entra no palco a banda de abertura: o DON ROBALO foi uma agradabilíssima surpresa nesta noite. Capitaneados pelo ex-vocalista da também carioca Coquetel Acapulco, a banda manda um Ska com influências de MPB e pitadas discretíssimas de samba que fez a galera que começava a entrar na casa dançar e agitar o show inteiro. O "cover" de "UNCHAIN MY HEART" de Joe Cocker, "Caleidoscópio" (é, aquela da Dulce Quental e que o Paralamas gravou) e a excelente "Daily City Train" do RANCID, alem de musicas proprias, deixaram uma belíssima impressão da banda! Olho neles!

Voltamos pro balcão pra tomar mais uma garrafinha de Antarctica Original por azedíssimos R$ 8,90 e, as 23:15, Rob "Bucket" Hingley adentra o palco com seus asseclas. Era o TOASTERS ali na nossa frente. A essa altura a casa já abriga um publico bem melhor, mas ainda fica a dica: ficamos devendo cariocada!!

A segunda musica, "2 tone army", põe pimenta na galera que começa a agitar e dançar sem parar - em todas as musicas! Rob (que havia assistido boa parte do show do Don Robalo ao lado do palco, a esquerda da pista) conversa muito com todos da plateia, ergue um brinde e está claramente a vontade no palco do Odisseia. E tome "running right through the world", "Social Security"e dezenas de classicos do Ska dos 90's! A cerveja tava começando a fazer seu lindo efeito e eu já tava que nem garoto, me sentido um rude boy jamaicano no meio da garotada, dançando feito lebre no campo! E aí meu brother, veio "O" "crááásico", "don't let the bastards grind you down", e a casa caiu de vez! Coisa linda! E fim do show. Fim?

NADA! Eles ainda voltaram pra um bis com duas musicas que fizeram as ultimas gotas de energia da galera acabarem. E a meia noite e quinze, uma hora justinha de show, Rob desce do palco, encerra o show, grita "põe o som DJ" e fica literalmente batendo papo e tirando fotos com todos que estavam ali em frente dele. Gente fina o rapaz!

E eu saio pela noite chuvosa da Lapa procurando um cachorro quente vagabundo pra comer antes de ir pra casa, sentindo uma puta pena de quem ficou vendo TV e deixou de ver esse show LINDO!
2 tone army!!
MEGA parabéns a todos os envolvidos na organização do show!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bandas do século passado... DREADFULL

No início do ano, quando voltava do show do Reffer aqui no Rio, minha cabeça só pensava em duas coisas: quant@ garot@ nov@ que conhecia a banda, que nasceu quando eles ainda mamavam! E quanta banda bacana existiu nos 90's e 80's que, pela ausência da ferramenta tecnológica de hoje, ficou meio que perdida na poeira.

Por isso, de tempos em tempos vou postar aqui nesta coluna singela algumas considerações sobre bandas que EU, onanística e egoicamente, achava FODA e que, infelizmente, já acabaram.

E pra começar, os meus preferidos ever: os mineiros do DREADFULL.

Em uma época que o tal HC melódico dava as cartas, impulsionado pela popularidade crescente de NOFX, Bad Religion e Green Day (isso mais ou menos 94,95) o que surgiu de banda cantando em inglês cheia de "oooooooh" e "aaaaaaaaah" não tá no gibi! E, na boa, separar o joio do trigo era tarefa árdua.

Mas eis que um dia, um CD chamado "Woonder Foll People " chegou as minhas mãos. E era claro que tinha alguma coisa diferente ali. A começar pela voz limpa e mega boa do Leo Baiano. Arranjos de guitarra mais sofisticados. Letras incríveis, com um inglês que não se limitavam a rimar "sky" com "my" ou "want you" com "blue". Da primeira faixa - "resign" - passando por clássicos instantâneos como "Listen", "Last fun" e tell out", o cd era uma perola. Melódico sim, hardcore sim, mas com algo a mais. Maluco, era impossível não ouvir 3 veze seguidas e sair cantando o refrão de "resign" pela rua... Logo em seguinda, em 97, durante uma viagem pra BH comprei a coletânea "Flying Music 4 Flying people" e lá tinham mais 6 pérolas melódicas dos caras. Viciei.

Então, em 1999, o Dreadfull dá a cartada final e tira da manga "Day off": uma guinada violenta no som, um disco que de início GERAL estranhou. O que era aquilo? Indie? Post hardcore? Hot Water Music? Jets to Brazil? Cara, musicas mais desaceleradas, vocais sussurados que explodiam em gritos no refrão, temáticas mais introspectivas. E, ponto: o Dreadfull fez o álbum da década! De "Somersault" até "Private" está tudo que você precisa ouvir pra entender o que foi o hardcore do inicio do século. Mas os mineiros estavam adiantados alguns anos.

O dreadfull encerrou as atividades no inicio dos anos 2000, fez um ou outro show isolado (com Arnaldo, do We Say No, Saddest day e outros no vocal) e deixou sua marca na "cena" under brazuca. Se eu tivesse que escolher UM disco dos 90's, seria o "Day Off". E isso por sí só já garante aos caras um lugar no coração deste escriba!




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Some Bad Religion Songs can make my life complete



Confesso que relutei. O que eu ia dizer sobre o show do Bad Religion no Rio que já não tivesse sido dito? Ou, pior: como falar do show da banda em atividade que eu mais amo, da banda que sei cantar sílaba por sílaba de cada letra, da banda que, desde que meu brother Fred me apresentou, lá pelos idos de 1989, sempre foi minha companhia de vida?

Na boa, sei lá. Só sei que o que não suportei meu próprio silêncio diante do que rolou Sábado! Então, lá vai!

Pra começo de conversa: quando falo de Bad Religion eu tenho 12 anos ok? Então nem precisa dizer que passei o Sábado igual criança que sabe que vai ao parque de diversões no dia seguinte: ansioso, andando pra lá e pra cá pela casa, quase queimei o strogonoff do almoço, patroa quase deu na minha cara. Por isso tudo, cheguei no bar ao lado da Fundição Progresso - o querido e famigerado Arco Íris - as 6 da tarde. É mané, 6 da tarde o babaca aqui já tava lá bebendo a primeira cerva sob o pretexto de ver o jogo do Mengão Fuderosão!

Os amigos vão chegando e o clima vai ficando cada vez mais naquela vibe "festinha da galera". Na boa, acho que NUNCA fui a um show em que conhecesse tanta gente! Nossa mesa no bar fica enorme e o bate papo, associado com as dezenas de cervejas, vai "amansando" a ansiedade.

Tipo 10 da noite, entramos na Fundição Progresso. Se você não é do Rio, o lance é o seguinte: A Fundição é um galpão gigante, sacou? Tipo, é um quarteirão inteiro com fachada de Casarão mas, no interior, é um conjunto de galpões. O espaço onde rolam os shows, dizem, cabe 6 mil pessoas. Bem, brother, então no Sábado tinha quase isso, tava cheio À VERA!

o Fistt, de SP, faz um show de abertura curto. Confesso que não vi. Foi mal aí Fabiano e cia. Mas a cerveja e o papo com os amigos falaram mais alto. E ainda teve uma passada na banquinha de Merch pra ver se rolava uma camisa da Tour (lindaça, com o simbolo na frente e as datas da tour sul-americana atrás), mas 80 PRATAS por uma camisa, nem a do Mengão com autógrafo de Deus Zico. Foi mal aí Graffin.

Fico com uns casais de amigos a esquerda do palco. E quase a meia noite, apagam as luzes e, mermão, daí em diante foi pica na criança! A fraca "Resist stance" abre o show, mas é em seguida, com "Social suicide", emendada com a "crássica" "21 century digital boy" que o Bad Religion dá o ar da graça! E nessa musica eu já havia me esquecido da minha idade avançada, das dores no corpo e me meti lá no gargarejo como se fora um garoto. E tome "LA is Burning" e a ótima "Wrong way kids" em sequencia. Fico bem em frente ao Brian Baker (ícone ever!) sacando a facilidade com que ele sola e manda riffs sempre perfeitos! FODA!

O show segue com pequenas sequências de 3 ou 4 musicas emendadas. O primeiro momento "tá, chorei, confesso" é durante as épicas "I want to conquer the world" emendada com "Recipe for hate". E mais a frente a garganta dá outro nó com "Do what you want", "YOU" e "Modern Man". Maluco, TENSO! E daí, vem aquela intro à capela de "Generator" (que, confesso, acho BREGA, FEIO, clichê - a intro, não a música), e a quantidade de marmanjo de preto chorando é incontável.

Greg Graffin conversa, fala da primeira vez que esteve aqui, ha 15 anos e parece bem a vontade. A banda toda está claramente feliz por este ultimo show da tour e o público responde com aqueles "sing-alongs" e "oooohhs" e "aaaaahhs" em quase todas as musicas. E com "Fuck Armaggedon" a banda encerra o show.

Todos saem do palco, fazem aquele famoso cú doce até que o Brooks (batera) volta sozinho pro palco. Ele manda um solinho de batera rápido e a banda entra com "American Jesus". E aí cara, o que era só pogo e porradaria vira um CAOS! Tenho certeza que as dores no ombro esquerdo que me perseguem até hoje são desse momento do show. Na sequência "infected" dá uma reduzida no ritmo para o grand finale com a linda - e previsível - "Sorrow", geral cantando junto, banda feliz, final de show.

Peraí? Ultimo show da tour e eles não vão voltar pra mais um "biszinho"? Nem mais uma musiquinha? NÃO, a banda se despede, as luzes acendem e fica por aí.

Saindo da Fundição encontro meus amigos balzacos, pais de família, profissionais liberais e homens de meia idade suados, com hematomas, camisas abertas ou sem camisa e todos com aquela cara de "GOZEI". E eu me despeço de todos, compro um latão e saio pelas ruas chuvosas da Lapa cantando, ALTO, a letra de "YOU".

Em um mundo de "bandas importantes de UM disco" e efemérides semanais, de hypes instantâneos e roupas espalhafatosas, poucas bandas ainda tem algo a dizer. E mais, poucas, pouquíssimas bandas, ainda SIGNIFICAM algo para muitas pessoas - pelo que dizem, pela musica que fazem, pelos shows que oferecem. O Bad Religion é uma destas bandas. Talvez por isso tanta gente que já "saiu do circuito" rock a tanto tempo tenha deixado suas vidas, esposas e maridos, filhos e compromissos pra trás. Não para um evento nostálgico com cheiro de naftalina, mas para um reencontro com suas próprias histórias de vida, com suas convicções e escolhas, com aqueles que, com certeza, fizeram e ainda fazem a trilha sonora de nossas vidas.

E é por isso que, mestre Greg Graffin, preciso discordar do refrão de "No Direction", porque, pra mim, "some Bad Religion songs can make my life complete".

FODA!

pic by Deise Santos