terça-feira, 8 de março de 2011

Musica, Hardcore e a transgeracionalidade


Ontem fui ao show do Reffer que rolou aqui no Rio. Banda bem bacana, nascida lá nas Minas Gerais por volta de 95, que fez muito barulho e acabou ha uns 7 anos. Desde então, organizaram uns 3 shows de revival em SP, BH e aqui no Rio. Claro que fui na expectativa de encontrar os amigos da velha guarda, nostálgicos de nossos "bons e velhos tempos" (como eu ODEIO esses chavões de velhos...).

Mas eis que, ao adentrar no (Excelente) Espaço Acustica, para minha surpresa, vejo uma pequena multidão de jovens rockeiros na casa dos 18, 20 anos. Sim, minhas dezenas de amigos balzacos também estavam lá, mas a casa encheu mesmo foi com essa garotada que cantou sílaba por sílaba de todas as musicas do Reffer.

Surpreso fiquei pois, quando a banda fez seu ultimo show, com o Samiam, em 2002, essa galera tinha lá seus 10, 11 anos. E mesmo assim curtiram e cantaram sílaba por sílaba de todas as musicas. E agitaram como se não houvesse amanhã. E lembro de tantos shows deles que vi em que haviam poucos amigos, cantando também todas as musicas, mas em lugares bem menores e com equipamentos bem mais precários, ha 10, 11 anos atrás. E conversando com estes mesmos amigos, nos tocamos que o mesmo fenômeno ocorreu com outras bandas "das antigas" (ai, ai, olha o chavão aí de novo...) que fizeram seus "revivals" por estes dias/ meses: Street Bulldogs, Barneys, Colligere, Beach Lizards.

E toda esta "surpresa" de um primeiro momento se tornou apenas a constatação de que o Hardcore (ou punk rock, whatever) se renova tempos em tempos. E que as novas gerações, por mais que criem coisas novas e que sintam "sede" por novidades, em tempos virtuais de efemérides cada vez mais fugazes, ainda "bebem" da fonte das referências mais velhas, principalmente das gerações imediatamente anteriores as suas. O cara começa a ir aos shows, faz amigos e sempre tem um maluco mais velho que fala "pô moleque, escuta isso aqui, que é foda!". Foi assim comigo, é assim hoje em tempos que um papo no twitter e uma busca no soulseek te levam a qualquer banda.

O que mais me regozijou e me fez voltar pra casa feliz foi esta imensa, impressionante capacidade do Hardcore de se manter como uma linguagem jovem, com todas as mudanças e intempéries pelas quais o mundo da musica vem passando. Quando a musica é boa, ela transpõe gerações, ela se torna um "algo" além do tempo. E a cada show destes e a cada encontro com essa molecada eu me sinto mais jovem, mais cheio de vida.

Um comentário:

  1. excelente texto, Bolinho! :D
    acho que além do público se renovar, tem aquela coisa de que o que era bom antigamente, continua sendo bom para sempre, e a galera mais nova reconhece isso.

    ResponderExcluir